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Entre os dias 15 e 17 de janeiro, no Javits Center em Nova Iorque, foi realizada a NRF 2023, a maior feira de varejo do mundo. A edição desse ano marcou o retorno do grande público após a pandemia de Covid-19 e reuniu mais de 35 mil pessoas com mais de mil expositores de 75 países diferentes. Entre esses impressionantes números de audiência, destaque para presença de brasileiros que representaram o varejo brasileiro com mais de 2 mil pessoas na feira.

No evento foram abordados assuntos importantes de algumas tendências sobre tecnologia ligados ao varejo. Confira abaixo as principais tendência que, em breve, devem impactar as operações do varejo em todo o mundo:

1. Tecnologia e Canais de Venda
Se o metaverso estava no centro dos holofotes na edição de 2022, esse ano ele perdeu um pouco de força e já não foi tão comum encontrar soluções relacionadas nos estandes da feira, o assunto não é descartado e deve retornar com mais força mais adiante à medida que a tecnologia evolui para aterrizar o tema, mas o assunto do momento foi substituído por outra tecnologia que também desperta muita curiosidade: a Inteligência Artificial. O tema não é novo, mas começa a ter visível aplicabilidade para o mercado e se concretizado cada vez mais como realidade.

As ferramentas ChatGPT e Drall-E da OpenAI parecem estar puxando essa frente e popularizando ainda mais a Inteligência Artificial, a empresa atingiu a marca de 1 milhão de usuários em menos de 5 dias e hoje já conta com mais de 75 milhões de usuários em todo o mundo, o que acabou despertando o interesse da Microsoft que essa semana anunciou aquisição da empresa em mais de 10 bilhões de dólares, se caracterizando como a 4º maior aquisição da história da empresa.

Outro tema de destaque foi omnicanalidade nas empresas, o assunto já é abordado há bastante tempo e inclusive já esteve presente em várias edições da feira, mas tem-se mantido durante o tempo e ganhado cada vez mais força. Na NRF 2023 foram apresentados muitos cases de sucesso de empresas que apostaram em plataformas multicanal e foram bem sucedidas em mensuração e resultado, como é o caso das varejistas Nordstrom, Lowe’s e Target.

A conclusão sobre o omnichannel é que ele já deixou de ser uma opção ou diferencial e se tornou uma necessidade no grande varejo, independente se a finalidade é B2B (business-to-business) ou B2C (business-to-consumer). Múltiplos canais de venda são, e serão, cada vez mais obrigatórios para que os negócios perdurem e consigam atender as expectativas dos clientes.

2. Experiência de Compra
A experiência do consumidor durante todo a jornada de compra foi destaque tanto no palco do congresso como nas mais diversas aplicações práticas demonstradas nos estandes da feira. Durante nossa visita aos estandes da Oracle, Microsoft, Adobe e Google foi demonstrado isso, a experiência de compra já se tornou preocupação essencial para o varejo ambas as empresas citadas apresentaram soluções para diminuir a fricção no carrinho de compras, seja on-line ou off-line, e facilitar a compreensão do varejista sobre o comportamento do cliente através de dados que podem ser resultados em ações personalizadas.

Interessante analisar aqui a diferença de coletar dados e a automatização ou até a robotização do relacionamento com os clientes, um não é a conclusão do outro. A coleta de dados durante toda a jornada de compra está relacionada a personalização da abordagem de vendas, isto é, saber quais são as necessidades, dores e expectativas de compras dos clientes para resultar em ações cada vez mais direcionadas ao que ele realmente precisa, não efetivamente a uma padronização e robotização desse processo. Mais do que nunca, o cliente está no centro do negócio

No 1º piso da feira, local reservado as startups globais, também chamou a atenção a quantidade de estandes dedicados as experiências phygital, termo que vem da fusão das palavras em inglês physical (físico) e digital. Em outras palavras, nada mais é do que a integração entre o mundo físico, com o mundo digital e isso foi bastante demonstrado através de hologramas que tangibilizam essas ações. Foi notável o interesse do público presente no evento pelo assunto e a movimentação sempre alta nesse setor da feira.

3. Pessoas
As pessoas estão no centro de tudo. A expressão “People first” foi amplamente discutida durante os três dias de evento, tanto sobre o prisma da Experiência do Consumidor e como é necessário atendê-lo com cada vez mais personalização, mas aqui também foi tratada a importância dos colaboradores.

Jason Buechel, CEO da Whole Foods, comenta que as organizações podem ter produtos e lojas incríveis, ou até alta tecnologia em todos seus processos, mas no final o que valerá para o cliente será a conexão e a experiência oferecida no relacionamento entre as pessoas. Para ele, as empresas só estarão verdadeiramente preparadas para o sucesso apenas se seus funcionários também estiverem alinhados a essas expectativas e capazes de se desenvolver e crescer.

Andrea Bell, VP na WGSN na área de Consumer Insights, também trouxe um tema interessante ao debate sobre pessoas, analisando a quantidade recente de crises que as pessoas passaram nos últimos anos como: pandemia, conflitos bélicos, crises políticas e socioeconômicas locais e escassez global. Andrea denominou o período como Polycrisis e avalia como ele está impactando no perfil e comportamento de compra das pessoas.

Outro assunto analisado durante a NRF 2023 foi a importância e complexidade das marcas em seguirem se atualizando para atender as diferentes gerações, em especialmente as mais novas: Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) e Geração Alfa (nascidos depois de 2010). Esse tem sido um desafio rotineiro dos grandes varejistas à medida que as novas gerações já começam a se tornarem clientes independentes, disponíveis no mercado de trabalho e já pertencendo ao seu quadro de colaboradores.

Entender e mapear o perfil e interesse das novas gerações será fundamental para as empresas seguirem ampliando sua cultura organizacional para abrigar todas as gerações e manter seu portfólio de soluções e serviços atualizados para uma geração que já nasceu digital e tem preocupações diferentes das anteriores.

4. Sustentabilidade
A preocupação ambiental “não é mais uma questão de escolha, se você atua no varejo, pois [a questão] está impactando a cadeia de fornecimento como um todo”, com essa frase foi aberta as discussões sobre sustentabilidade no varejo durante o congresso da NRF 2023. Durante o evento, a Euromonitor Internacional, empresa especializada em pesquisa de mercado, também trouxe dados interessantes que revelam que “45% dos profissionais do varejo disseram que investir em iniciativas de sustentabilidade é uma prioridade estratégica para sua empresa nos próximos cinco anos.”

O varejo tem acompanhado a tendência de uma sociedade e investidores que cada dia mais valorizam práticas bem-sucedidas em ESG (Environmental, Social & Governance), empresas com ações direcionadas ao desenvolvimento sustentável e que buscam soluções para problemas complexos como pobreza, mudanças climáticas e esgotamento de recursos naturais são, e serão, cada vez mais valorizadas.

Entre as ações discutidas sobre o tema chama a atenção a aposta em modelos de negócio que oferecem a revenda de itens usados para compor parte do portfólio das marcas em lojas físicas e on-line, através de marketplaces ou até com o apoio de plataformas especializadas.

A tendência é observada entre consumidores de diferentes perfis sociais e até gerações, que têm se interessado na compra de produtos usados por economia, para colaborar com o impacto ambiental do seu próprio consumo e até mesmo, viabilizar a compra de produtos de maior valor que novos são inacessíveis para seu poder de compra. Para fundamentar essa tendência interessante analisar a pesquisa realizada pela varejista SAKS para sua base de clientes, 80% deles comprariam itens de qualidade usados ou com pouco uso.

Seja qual for o modelo de negócio adotado, algo já se tornou premissa para o mercado varejista: Estar preparado para consumidores que exigirão cada vez mais ações sustentáveis das marcas, e que, inclusive decidirão seu consumo de acordo com a responsabilidade socioambiental das empresas.

Fonte: https://blog.elgin.com.br/automacao/tendencias-do-varejo-nrf-2023/